Era tão bom quando a maior preocupação era fazer akela maldita tarefa de matemática para a aula de sexta-feira com akelas expressoezinhas pequenas sem o alfabeto inteiro ou gráficos de funções, ou entregar um trabalho de 3 folhas diretamente copiado da impressão q papai copiou e colou do Google para o Word e imprimiu no serviço falando sobre as hidro-elétricas brasileiras.
Era tão bom brincar de Barbie com as minhas vizinhas e espalhar todos os brinquedos pelos cantos, ser a Barbie adolescente rebelde q brigava com todo mundo e deixar as meninas bravas pq nao tinham resposta a altura para a Barbie delas. Ou pegar as flores na rua e vender de porta em porta por R$ 1,00 o raminho com folhas murchas e sujas de terra.
Era tão bom subir no pé-de-goiaba, deitar entre os troncos comendo um monte de bananas e olhar com o binóculo tudo o q os vizinhos faziam, ou simplesmente, eskece-los e olhar para o Goiânia Arena e ficar pensando: "q idiota pintaria o teto de verde?!". Ou fingir q era uma espiã e q estava fujindo da maldosa vilã canina Meldosa, minha falecida cachorrinha Mel q até parecia q entendia td a brincadeira - ou pelo menos eu achava q sim. Ou escrever meu nome no tronco para q no futuro qdo eu subisse la novamente lembrasse de cada data escrita.
Era tão bom jogar bola no recreio com os meninos - num lugar tão pequenininho q mal dava pra chutar longe a bola - sem q eles se preocupassem se eu era uma menina e ja julgassem q por esse motivo nao saberia jogar como eles. Mas nakele tempo o importante era jogar, fosse bem ou mal, a gente so keria brincar. Ou comprar o melzinho colorido q a tia vendia na cantina e ficar mastigando akele plastikinho ate acabar o doce durante a aula.
Era tão bom voltar de van da escola e fazer a maior bagunça e deixar a tia das mochilas doidinha. Sentar la no fundão e qdo viesse o quebra-mola pulasse bem na hora pra gente ir ate quase no teto. Cantar musicas q a gente nem sabia a letra, discutir com a badeca q se achava e no dia seguinte colocar um chiclete acidentalmente no cabelo dela (muahahahaha) sem ninguem desconfiar. Ou ficar indignada com a tia pq so o menino do Goyases q ia na frente e a gente ja tinha 9 anos e podia ir tbm e ele tinha 8! Nao podia...
Era tão bom ir da escola direto pra casa de uma amiguinha (q ate hje somos) e ficar brigando com os irmaos dela pq eles keriam roubar nossos pirulitos, ou ser atacada pela "minuscula" pastor alemao dela e sair correndo igual uma doida ate q segurassem a fera.
Era tão bom quando tudo isso e muito mais acontecia e fazia parte do dia-a-dia. A vida parecia uma brincadeira, sem responsabilidades, sem ter q tomar decisoes dificeis, sem meninos enchendo a paciencia pra gente dar moral, sem nada, so eu e minha infancia. E pensar q o q eu mais keria era estar crescida como hje. Se eu pudesse voltar no tempo eu diria para akela garotinha aproveitar cada segundo, pq o tempo passaria muito rapido e q crescer nao tem tanta graça assim.